O brasileiro Hugo Calderano não apenas quebrou uma hegemonia de 19 anos como também conquistou o respeito dos chineses ao vencer a Copa do Mundo de tênis de mesa em Macau, região administrativa especial da China. Neste domingo (20/4), o atleta, atual 5º do ranking mundial, superou os três melhores jogadores do planeta – um japonês e dois chineses – para se tornar o primeiro não asiático e não europeu a levantar o troféu.
A vitória emocionante, que o fez chorar na coletiva ao lembrar das dificuldades recentes ("Sempre acreditei em mim, há um mês eu estava tão para baixo"), repercutiu fortemente nas redes sociais chinesas. No Weibo, principal plataforma de discussões no país, Calderano virou tendência com mensagens como "Respect, Hugo!!" e "Ele venceu seus demônios".
O herói improvável do "deserto" do tênis de mesa
Um analista do jornal ligado à agência estatal Xinhua resumiu o sentimento de admiração: "Foi Hugo Calderano, do ‘deserto’ de tênis de mesa do Brasil – sem fãs, sem atenção e sem recursos – que, com talento, trabalho duro e amor, chegou ao topo do mundo."
Muitos compararam sua trajetória a uma revolução, citando até "Os Miseráveis", de Victor Hugo, em parte pelo nome coincidente. "Hugo se tornou um deus numa batalha", escreveu um usuário de Pequim, destacando seu físico avantajado (1,83 m) e preparo atlético incomum no esporte. "Não há vencedores naturais. O trabalho duro é premiado, até no Brasil é possível produzir um campeão", acrescentou outro.
Críticas à ausência de Fan Zhendong e ao sistema chinês
Apesar dos elogios, muitas postagens lamentaram a ausência de Fan Zhendong, campeão olímpico e principal estrela chinesa, que deixou o ranking internacional em dezembro após discordar de novas regras da federação. "Fica evidente que isso não pode ser alcançado sem Fan Zhendong", criticou um fã, enquanto outros questionaram a decisão da confederação chinesa de afastá-lo.
O humor também marcou as reações. "O Brasil fez história no tênis de mesa. Quando é que a nossa seleção de futebol vai fazer história?", brincou um usuário, em referência às frustrações do futebol chinês.
Para a imprensa local, como o portal Guancha, de Xangai, Calderano representa "uma nova era" no esporte, introduzindo as Américas ao cenário global. Sua vitória em solo chinês, quebrando um domínio absoluto desde 2005, prova que o tênis de mesa está mais aberto do que nunca – e o Brasil agora tem seu nome na história.
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